Você já se deu conta de que passa 30% de sua vida adulta dormindo? E que, do tempo que passa acordado, metade ou mais de sua vida útil semanal você passa trabalhando? Para muitos profissionais esse tempo traz consigo um significado bem maior do que o percentual de tempo. Alguns profissionais têm no trabalho o propósito de suas vidas. Outros depositam nele anseios de realização e crescimento. Para outros ainda, como o trabalho faz parte da vida, eles desejam vivê-lo com a dignidade de quem cumpre seu papel na sociedade e na vida familiar. Qualquer que seja a importância que você der ao seu trabalho, como profissional você o terá como parte significativa em sua vida. Caso contrário nem estaria lendo este artigo…
Então agora, tome um tempo e responda a si mesmo: o que você realmente quer do seu trabalho? O que você deseja alcançar trabalhando no que trabalha? O que é importante para você no seu trabalho? Uma parte dos profissionais poderá dizer que está buscando realização, projeção, reconhecimento, ganhos materiais, contribuição, relacionamento social ou muitas outras coisas. Poderão incluir produtividade, remuneração, conhecimento, estabilidade, segurança ou ainda outros. Na realidade, ao responder a essas perguntas, você estará falando de seus “valores”. Um valor profissional é aquilo que é importante para você na sua profissão ou na sua carreira. E os valores são tão importantes que você, ao final de certo tempo trabalhando, irá usá-los como critérios para avaliar se o que você faz está valendo ou não está valendo seu esforço e dedicação.
Para você entender mais o papel fundamental dos valores em sua vida profissional e carreira, considere o seguinte. Ao pensar sobre o que você internamente busca no que realiza trabalhando, você estará entrando no campo de sua motivação. Seus valores formam o campo da sua motivação. Eles são os grandes impulsionadores e reguladores da sua carreira. São as ideias abstratas ou ideais que mobilizam seu pensamento e sua energia. Eles oferecem o campo para aplicação e os critérios para suas competências na direção de seus projetos pessoais.
Veja alguns exemplos de como isso funciona. Se para você conhecimentos, inovação ou relacionamento social são valores importantes, você poderá escolher ir a uma determinada palestra, mesmo num horário inconveniente. Para quem status ou reconhecimento são valores, um objetivo poderá ser, por exemplo, a presidência de uma associação profissional. O alcance de objetivos é sinal de que valores seus estão sendo atendidos. E com isso aparecem suas sensações de bem estar e realização. Agora pense: o que acontece quando seus objetivos não são alcançados? Que sentimentos você tem? Os sentimentos que surgem são comumente de mal estar, insatisfação, frustração. Aparentemente devido aos objetivos não alcançados. Porém, na realidade, você tem esses sentimentos porque os valores de onde eles partiram não foram satisfeitos. São os valores profissionais que criam seu campo de energia pessoal – e os objetivos estão aí para atendê-los. Assim você pode entender também que objetivos ou atividades sem o lastro de seus valores importantes não irão atrair sua atenção. Lembre-se das vezes em que você ficou pouco interessado em propostas feitas por outras pessoas. Que coisas importantes suas aquelas propostas não atendiam?
São os valores que alimentam sua energia pessoal, não seus objetivos
Os conflitos nos valores. Seus valores formam a estrutura de sua motivação e do seu sucesso profissional, assim como em qualquer área de sua vida. Alcançar o que se deseja é parte da natureza do ser humano. Como a neurociência hoje mostra, faz parte dos seus sistemas neuroemocionais fundamentais. Se você encontra dificuldades para realizar algum projeto profissional, se não está alcançando algo desejado, certamente os valores profissionais estão em alguma forma de conflito. Por isso mudanças nessa estrutura podem trazer mudanças muito profundas e valiosas em sua vida.
Duas ideias são então importantes entender. Primeiro, 
valores possuem ordens, hierarquias, uns são mais importantes do que outros. Às vezes uma necessidade sua ou um objetivo pode não ser atendido porque se refere a um valor que, na sua hierarquia pessoal, que é inconsciente, ocupa uma posição inferior. É comum pessoas com queixas de insatisfação em relação aos seus ganhos financeiros. Examinando sua estrutura de valores eles descobrem, com frequência e com enorme surpresa, que “remuneração” ou “dinheiro” não são valores importantes na sua composição mental.
Em segundo lugar, valores também possuem suas próprias estruturas individuais. Alguns possuem, internamente, conteúdos totalmente positivos, apoiadores, encorajadores. Nesse caso, esses conteúdos do valor vão impulsionar suas ações na direção dos objetivos relacionados com eles. Outros valores, no entanto, podem possuir estrutura interna conflitada ou negativa. E isso limita e até impede resultados. Para uma cliente, diretora de empresa, a “confiança” era um valor importante no relacionamento com a diretoria. Porém seu relacionamento com cada diretor era distante e não favorecia o conhecimento suficiente para apoiar a confiança. Ela descobriu ter decidido em sua vida não se aproximar muito das pessoas para não ter decepções. Esse pensamento, de que ela não tinha consciência, tendia a afastá-la dos outros sempre que a proximidade começava a acontecer. Ao mesmo tempo em que desejava, evitava o conhecimento próximo com o temor da decepção. E para um CEO que tinha a agilidade como valor fundamental, a agilidade colidia com outro valor pessoal que era a ponderação. Com uma frequência incômoda ele se sentia paralisado, sem perceber o quanto não conseguia ser agilmente ponderado.
Um empresário tinha como valor importante o sucesso, valor que para ele raramente era fonte de realização profissional. Sua empresa na área imobiliária tinha sucesso em faturamento, porém há anos os lucros eram pequenos. Investigando internamente, ele encontrou um pensamento – “dá muito trabalho conseguir as coisas na vida” – uma frase ouvida frequentemente em sua família de imigrantes dedicados ao trabalho. Uma crença pessoal que o fez trabalhar duas vezes mais do que o necessário ao longo de seus últimos quinze anos.
Valores não aparecem por decisões racionais. Digamos que, ao examinar seus valores, você descubra que faltam um ou dois que realmente fariam diferença na sua vida profissional. Então você decide incluir um ou mais valores novos entre os seus antigos. Por exemplo, se você em certo momento gostou das ideias em torno dos conceitos de flexibilidade e de inovação, pode resolver inclui-los em sua lista de valores. Assim você passa a se referir a eles como valores seus ou de seus serviços profissionais. Infelizmente, sim, infelizmente, isso de nada vai adiantar. Não é uma decisão sensata ou racional que traz um valor para sua vida. Valores não são ideias apenas anunciadas. São ideias entranhadas. Quando alguma concepção é um valor para você, ela tem um conteúdo emocional, uma base cerebral-fisiológica que lhe deixa sentir que aquela concepção é de fato importante. Ela mexe com sua energia, ativa seus critérios pessoais e envolve seus objetivos e metas. Um valor não é apenas escolhido ou adotado conscientemente ou racionalmente como importante, ele deve ser fundamentalmente sentido, é uma experiência somática, uma experiência do corpo.
Assim, a decisão de passar a ter flexibilidade ou inovação como valores não vem da lógica ou da oportunidade de cada um, nem de sua decisão sobre eles. Você pode até passar a se referir a eles como valores seus, mas para terem influência em sua vida e em suas escolhas e metas, os valores devem incluir “carga emocional”. A carga e a qualidade emocional do valor, integradas com harmonia em sua estrutura mental é que vão trazer transformações. Vão ativar sua mobilização pessoal e influenciar nos seus resultados profissionais.
O conjunto de seus valores, com suas estruturas e relacionamentos internos, e às vezes um único valor, podem limitar e até impedir sua realização na carreira. Minha observação ao longo de quase 30 anos de experiência mostra um dado surpreendente. Em média, cerca de 80% dos valores pessoais, mesmo aqueles com nomes atraentes e aparentemente positivos, são limitados ou impedidos por conteúdos em conflito. São valores que, sem você saber, possuem conteúdos e histórias negativas em seu interior. Contêm focos de atenção fora do que é importante e produtivo para você. Eles trabalham contra você. Por isso, embora o trabalho seja uma vocação humana, não é de se estranhar a pequena parcela de profissionais realmente felizes e realizados com suas carreiras.
O Alinhamento de Valores Profissionais1
O Alinhamento de Valores vai muito além das conhecidas abordagens de clarificação de valores (Values Clarification) que apenas ajudam a identificar valores e a agir com metas e prioridades. Não basta você conhecer ou definir seus valores e relacioná-los com seus projetos. O Alinhamento de Valores analisa, ajusta, insere e promove a eficácia de CADA valor e de suas interações mútuas. Elimina as frequentes e invisíveis barreiras internas que estão na maioria dos valores, por mais nobres, aceitáveis ou expressivos que sejam. Vai nortear prioridades eficazes, orientar e seguir direções favoráveis e liberar seu alcance natural de metas.
O Alinhamento de Valores Profissionais não é um programa motivacional nem de sugestões ou programações mentais. É uma metodologia para reestruturação neurológica, baseada na neurociência, que investiga a organização e composição de seus valores. Permite que você corrija as estruturas internas frágeis ou disfuncionais que trabalham contra suas motivações mais profundas. Sabendo que cada valor impulsiona e ao mesmo tempo causa limites em uma grande parcela da sua vida profissional, o método vai renovar os conteúdos escondidos de seus valores e liberar sua carreira. Os resultados e a excelência do que você alcança são os efeitos da sua organização mental e emocional afinada com o que é realmente importante para você.
1 Metodologia que se desenvolve há mais de três décadas. G. Szenészi trouxe técnicas mais precisas para as investigações e intervenções, com contribuições da neurociência afetiva e da psicologia cognitiva da neurossemântica.
